Como dito antes, partes do corpo do
Troodon em si não foram encontradas, somente alguns ossos classificados como
Stenonychosaurus, porém posteriormente renomeados como
Troodon. Outros dois gêneros,
Polyodontosaurus e Pectinodon deixaram seus nomes para serem agrupados também como
Troodon, pois os dentes eram quase iguais e os paleontologistas imaginam que dentes daquele tipo devem ter pertencido a uma mesma espécie animal. Por isso o futuro do nome
Troodon é incerto, pode ser deixado de lado ou substituído por outro no futuro, porque na paleontologia geralmente prevalece o nome baseado nos melhores fósseis, o que não é o caso dos precários dentes encontrados. Isto já ocorreu várias vezes, como é o caso de
Deinodon e
Trachodon, nomes abandonados, dos quais restam fósseis a serem inseridos em um gênero mais bem preservado. Novos estudos devem dar uma visão mais clara deste terópode, podendo ele ser substituído pelo antigo nome
Stenonychosaurus, já que este tem mais fósseis e em melhor estado de preservação.
Confira abaixo vários dinossauros nomeados como
Troodon, mas que na realidade eram espécies diferentes, que hoje são nomeadas de forma diferente.
- Troodon wyomingensis>renomeado Pachycephalosaurus wyomingensis (devido à confusão dos dentes com os do Stegoceras);
- Troodon sternbergi>renomeado Hanssuesia sternbergi;
- Troodon isfarensis=sinônimo de T. formosus (pode ser que os restos sejam pertencentes a Saurornithoides);
- Troodon edmontonensis>renomeado Stegoceras edmontonense;
- Troodon bexelli>redescrito como um paquicefalossaurídeo ainda sem nome;
- Troodon asiamericanus>renomeado como T. formosus;
O
Troodon é um típico terópode de pequeno porte, com longas pernas traseiras que deveriam dar a ele uma boa velocidade. Seus braços eram longos e deviam ficar encostados ao tórax quando andava ou não usava as mãos, deixando-o com uma aparência de ave. Mas esta semelhança com aves não é mera coincidência, já que era era um dinossauro do grupo
Maniraptora, ou seja, parente do
Velociraptor,
Deinonychus e outros parecidos, pois inclusive o
Troodon teve uma garra em forma de foice nos pés, pequenas mas teve. Estas garras, assim como nos outros parentes seus, devia ficar levantada acima dos dedos que tocavam o chão, a fim de evitar tombos ou fraturas na garra.
Acredita-se que o
Troodon era noturno, pois tinha grandes olhos e com uma visão quase binocular, ou seja, os olhos eram voltados um pouco para frente da cabeça e não bem ao lado como em outros dinossauros, o que lhe devia proporcionar boa visão de profundidade. Com olhos desta forma, acredita-se que o
Troodon deveria ser um dos dinossauros que tinha a visão mais apurada, mais ainda por certas estruturas encontradas no crânio, estruturas estas que os "dinossauros avestruzes" também possuem.
O Troodon devia caçar à noite usando seus grandes olhos
© Fabio Pastori No entanto o que mais chama a atenção para este pequeno animal não foram seus olhos e sim sua inteligência. A inteligência é medida comparando o tamanho do cérebro em relação à massa corporal dos animais e o
Troodon é o que tem o maior cérebro em relação ao corpo dentre todos os dinossauros!
Por isto acredita-se que fosse o mais esperto dentre os "grandes répteis", sendo até mais inteligente que os mamíferos daquela época. Tamanha era a capacidade de raciocínio deste dinossauro que o paleontologista Dale Russell criou uma teoria de como o
Troodon se desenvolveria se não fosse extinto no evento K-T.
A ideia dele era que o animal evoluiria tanto a ponto de tomar uma forma quase humana e ter uma grande inteligência. Então Russell resolveu criar um modelo do dinossauro em tamanho natural e uma outra do ser que ia ser o descendente do Troodon.
Escultura do Troodon de Russell e Sequin© Autor da foto desconhecido
Caso conheça favor entrar em contatoCom a ajuda do taxidermista (profissional que empalha animais) e artista Ron Sequin, ele modelou este ser imaginário que chamaram de Dinossauróide.
Escultura do Dinossauróide
© Cryptonaut Close do rosto do Dinossauróide
© Autor da foto desconhecido
Caso conheça favor entrar em contatoA hipótese desta evolução foi tida como plausível para alguns pesquisadores, como David Norman e Cristiano dal Sasso, porém outros como Gregory S. Paul acreditam que o animal está com uma "humanização suspeita", ou seja, não quer dizer que porque nós humanos somos inteligentes, que todo animal inteligente deve ter aparência semelhante.
O
Troodon foi encontrado em Montana - Estados Unidos, nas Formações Judith River e Two Medicine. Além destas, fósseis foram recuperados na Formação Horseshoe Canyon de Alberta - Canadá e nas famosas Formação Lance e Formação Hell Creek, dos Estados Unidos.
Parece que o
Troodon preferia áreas menos quentes, ficando nestes locais nas primaveras do período Maastrichtiano. Existem hoje tantos fósseis deste animal, de lugares tão diferentes e distantes entre si, que é muito cedo para afirmar que todos eram da espécie
Troodon formosus, pois geralmente animais com grande população tem subespécies diferentes.
A aparência dos pés, crânio e da sua garra curva
não deixou dúvidas de que era um predador. Porém seus dentes eram estranhos e tem certas características que levam os cientistas a pensar que era um animal onívoro, ou seja, como tanto carne quanto plantas. A visão estereoscópica seria útil ao calcular distâncias para atacar uma presa e as mãos seriam boas para segurar a presa enquanto a mordia.
Dentes desta espécie já foram encontrados no Alaska, porém estes eram bem maiores que os encontrados nos demais sítios fossilíferos, indicando que os
Troodons daquele lugar eram maiores. Acredita-se que lá eles podiam crescer mais porque podiam caçar presas grandes, pois não havia tiranossaurídeos, então não havia competição por presas. Como o Alaska, mesmo naquela época devia ser mais frio do que o resto do continente, os grandes predadores não viviam lá e as presas maiores ficavam disponíveis para os
Troodons, que cresceram mais para caçá-las.
No mesmo local e época em que viveu o Troodon, viveram outros dinossauros famosos como o ceratopsiano
Einiosaurus, o tiranossaurídeo
Daspletosaurus, o famoso "lagarto boa mãe"
Maiasaura, além do gigantesco pterossauro
Quetzalcoatlus. Como presas este pequeno carnívoro devia investir nos
Orodromeus e outros filhotes de dinossauros. Talvez comessem ovos ou ficassem à espreita de ninhos para comer os filhotes. Outros acreditam que caçava insetos e pequenos mamíferos durante a noite.
Estudando mais a fundo os padrões de desgastes dos dentes destes dinossauros, chegou-se à conclusão que eles até poderiam ser onívoros, mas a maior parte da dieta era de carne, porque os desgastes eram compatíveis com alimentos moles e não com plantas e ossos duros.
Observando outros aspectos da vida deste animal, os pesquisadores tiveram boas pistas de como se reproduzia, pois já foram encontrados ninhos com ovos e embriões dos filhotes fossilizados. O primeiro ninho foi encontrado em 1983 por John Horner. No ano seguinte, no mesmo local Horner localizou ovos e embriões, que determinou ser de
Orodromeus, um dinossauro herbívoro de pequeno porte. Somente em 1996 é que Horner e um colega examinaram os restos e definiram que eram do
Troodon e não do herbívoro. Novos estudos em 1997, com base em um esqueleto encontrado sobre 5 ovos, em posição de postura, os quais deram mais certeza que todos os ninhos e ovos eram mesmo do carnívoro. Foi possível determinar a exata estrutura dos ninhos, que tinham em torno de 1 metro de diâmetro, feitos em forma circular com uma elevação servindo como bordas, uma espécie de "cerca". Os ninhos eram feitos com sedimentos, terra, areia, etc; e continham geralmente entre 16 e 24 ovos cada.
Troodon cuidando dos ovos no seu ninho
© Frank DeNota
Os ovos tinham uma forma alongada parecida com a de uma gota e segundo observações, a parte mais fina ficava voltada para baixo meio enterrada no substrato, enquanto que a parte mais larga, ficava inclinada em um ângulo que deixava esta parte do ovo mais próximo do centro no ninho.
Ovo de Troodon: aparência externa e interna
© Dorling Kindersley
Os ovos eram agrupados em pares, indicando que deviam ter duas tubas uterinas, botando dois ovos praticamente juntos de cada vez, como os crocodilos. Segundo os cientistas, o comportamento reprodutivo do
Troodon é intermediário entre aves e crocodilos, pois como vimos, os ninhos e o possível ato de chocar o aproxima das aves. Outra hipótese é que o animal botasse os ovos aos poucos até ter um ninho grande para só então incubar os ovos, o que faria os ovos chocarem todos ao mesmo tempo, permitindo uma maior quantia de filhotes e melhor chance de sobrevivência. Parece que os filhotes assim que nasciam saíam do ninho, pois jamais foram encontrados indícios de que os pais ficassem cuidando dos pequenos até crescerem, mesmo porque não necessitavam, conclusão obtida com a análise dos ossos dos recém nascidos, o que mostrou que os esqueletos eram muito bem desenvolvidos já no momento da eclosão dos ovos, permitindo aos novos moradores do local que logo saíssem para viver por sua própria conta.
Acredita-se que a incubação dos ovos durava entre 45 a 65 dias, com a mãe sobre os ovos, pois como era um animal relativamente leve e pequeno isto era viável. O estudo do fóssil encontrado sobre o ninho com os cinco ovos, indica que este espécime poderia ser uma fêmea que botava os ovos e morreu no processo, porém a causa da morte é ainda um mistério. Outro hábito reprodutivo que os paleontólogos acreditam ter sido comum neste dinossauro é que somente o macho ficava chocando os ovos, sentado sobre os mesmos, a aquecê-los o que acontece atualmente com muitas aves.
O
Troodon, mesmo com todos os problemas de classificação é um dinossauro relativamente famoso. Frequentemente é retratado em documentários, como é o caso do episódio
Das - O Caçador, de "
Dino Planet", lançado pelo
Discovery Channel. Neste episódio ele aparece em bando, com penas e mostrando sua grande inteligência ao caçar os
Orodromeus.
Troodon do episódio Das - O Caçador
© Discovery Channel Na continuação, chamada "Dino Planet 2", no episódio chamado A Viagem de Pod, um Pyroraptor acaba indo parar em uma ilha de dinossauros anões, na qual existe também um bando de Troodons anões muito espertos, que se aliam ao parente maior para sobreviver.
Troodons anões do episódio A Viagem de Pod © Discovery ChannelNa série documental "
Prehistoric Park" (Parque Pré-Histórico), com Nigel Marven, alguns
Troodons são trazidos por engano para o nosso tempo, quando Nigel volta para capturar animais no passado. Além destes episódios, outras mídias já representaram este dinossauro, como livros , desenhos entre outros, mas não obtiveram tanto destaque como os documentários já mencionados.
Fontes